VIANA – Em julho de 2014, último ano do segundo mandato da então governadora Roseana Sarney, recebeu uma comitiva da Academia Vianense de Letras. Previamente agendado pelo prefeito Francisco Gomes, o encontro tinha como finalidade apresentar à governadora uma sugestão de nome para o novo hospital que seria construído na cidade.
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Para ressaltar o reconhecimento público de homens e mulheres que ajudaram a escrever a história de Viana, a AVL indicou o nome do médico Antonio Hadade para ser homenageado dando nome ao novo hospital.
Falecido em 1988, o vianense Antonio Hadade graduo-se em 1952 pela antiga Faculdade de Medicina da Bahia. Antes de fixar residência definitiva em São Luís, Antonio Hadade retornou a Viana, onde prestou assistência médica por vários anos.
A governadora, que conheceu pessoalmente o Dr. Antônio Hadade, prometeu encaminhar a sugestão da AVL para votação no plenário da Assembleia Legislativa.
Vida
Filho de família libanesa radicada em Viana, Dr. Hadade nasceu em 21 de dezembro de 1925. Era o segundo entre quatro irmãos. Seus pais, Felippe Hadade e Affife Brahs Hadade, haviam chegado à cidade alguns anos antes, assim como aconteceu com outros libaneses que migraram para o Brasil na época.
Foi por intermédio de libaneses também residentes em Viana, que o adolescente Antonio Hadade iniciou os estudos preparativos para ingressar na Faculdade de Medicina da Universidade da Bahia. Em 1947, aos 21 anos de idade, o jovem ingressou em das mais tradicionais instituições de ensino superior.
Início da profissão
Após graduar-se, em 1952, o novo médico retornou a Viana no começo do ano seguinte para prestar serviços à população de sua cidade natal. Cumpria dessa maneira a promessa feita ao pai de, de que quando formado, trabalharia por alguns anos em benefício de seus conterrâneos.
Na capital baiana, deixava ali uma noiva à sua espera, depois de recusar três propostas de emprego conseguidas pelo futuro sogro. Além disso, sem falar nas boas oportunidades perdidas para um profissional em início de carreira, as condições de trabalho em Viana nem se comparavam àquelas oferecidas em Salvador.
Na metade do século passado, prestar assistência médica no interior do Estado, principalmente numa região então de difícil acesso como a Baixada Maranhense, era realmente um desafio gigantesco. Nada, porém, que pudesse arrefecer o destemor e o idealismo do jovem médico de apenas 27 anos.
Por outro lado, para uma cidade que carecia de assistência médica permanente, a chegada do médico filho da terra trazia conforto e otimismo a seus habitantes. Recebido com carinho pelos conterrâneos, Antonio Hadade não mediu esforços para socorrer aqueles que necessitavam de sua ajuda. Para isso contava com o apoio de uma equipe de enfermeiros locais, composta por Chico Travassos, Enedina Raposo, Santinha Neves, Helmar Bacelar, Salú Serra e Senhor Penha (entre outros).
A atuação do Dr. Antonio Hadade estendia-se ainda a mais seis municípios circunvizinhos a Viana, conforme exigia o contrato de trabalho assinado com o Governo do Estado. Assim, fora os chamados de emergências, eram comuns as viagens periódicas a Penalva, Matinha, Monção, Cajari e redondezas.
O matrimônio
Passados três anos de trabalhos ininterruptos, quando enfim conseguiu suporte financeiro para arcar com a responsabilidade de manter uma família, Antonio Hadade retornou a Salvador em dezembro de 1955, para se casar com a jovem baiana Ruth Simões.Mesmo a distância, o médico manteve correspondência contínua com a noiva na Bahia e o casal havia combinado residir em Viana por mais alguns anos. Antes disso, viajariam em lua de mel pelo Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná.
Ao desembarcarem em Viana, dois meses depois, um problema inesperado: a casa alugada pelo noivo, antes do casamento, havia sido ocupada nesse meio tempo por um homem que sofria de hanseníase. Para complicar a situação, os recém-casados não estavam sozinhos, mas acompanhados da mãe da noiva que viera para ajudar a montar a nova residência da filha.
Os três foram socorridos pelo pároco local, padre Manoel Arouche, que lhes ofereceu hospedagem temporária no Palácio Episcopal, enquanto procurariam uma nova morada.
A mudança para São Luís
Antonio e Ruth residiram em Viana por pouco tempo, algo em torno de sete meses. Ao perceberem os sintomas que anunciavam a chegada do primeiro herdeiro, o casal decidiu que seria melhor contar com o acompanhamento pré-natal de um especialista em Salvador.
Desse modo, após o nascimento da primeira filha, D. Ruth retornou ao Maranhão, mas já acertado que ficaria em São Luís, enquanto o marido continuaria trabalhando em Viana por mais algum tempo. Um ano e meio depois, conseguida a transferência, o casal se reuniu novamente na capital, onde então começaria uma nova e profícua etapa na vida profissional do médico Antonio Hadade.
Entre os conterrâneos vianenses já cativados pela sua simpatia e capacidade de conquistar novos amigos, o médico deixaria não apenas a marca de sua competência, mas igualmente a gratidão e a admiração de todos pela sua disponibilidade em ajudar o próximo.
O reconhecimento e o prestígio na capital
Radicado definitivamente em São Luís, Antonio Hadade ganhou notoriedade como profissional da Medicina, o que o capacitaria a assumir os mais diversos cargos e atividades sociais.
Em pouco mais de três décadas de serviços prestados à população da capital (1957 a 1988), o médico concursado pelo antigo INPS exerceu diversas funções.
Como profissional voltado ao estudo, Antonio Hadade tornou-se membro da Associação Americana de Cirurgiões, proferiu inúmeras palestras e conferências sobre assuntos médicos, além de apresentar vários trabalhos científicos no Colégio Brasileiro de Cirurgiões, inclusive em simpósios realizados em Buenos Aires. Deve-se a ele, também, a implantação da residência médica no Maranhão.
Destacou-se, ainda, pela sua participação no ato de fundação da Faculdade de Ciências Médicas do Maranhão, e ao continuar ali prestando serviço como professor, até mesmo depois que a referida faculdade foi absorvida pela Fundação Universidade do Maranhão e, posteriormente, pela Universidade Federal do Maranhão, na década de 60.
Falecido em 14 de abril de 1988, aos 62 anos de idade, o médico vianense deixou viúva Ruth Simões Hadade, com quem teve quatro filhos: Maria Ângela, Maria Teresa, Maria Cristina e Luís Antonio.
- Texto editado pela Redação Matraca;
- Texto original aqui, de Alexandre Raposo, Acadêmico da Academia Vianense de Letras (AVL), Cadeira n 9 – Patrono: Dilú Melo; Publicado no jornal “O RENASCER VIANENSE” – Edição 43 – agosto de 2014.
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