ARARI – Os animais têm total direito de viverem livres e de terem um bom lar para morar. E é por esse motivo que o projeto Adota Arari incentiva a adoção de animais abandonados ou em situação de rua na terra da melancia.
Adotar um animal é um ato de amor e solidariedade. Mas, antes de tomar qualquer decisão, é necessário conhecer os critérios a serem analisados e cumpridos.
É importante avaliar se você e sua família podem ou não assumirem tais responsabilidades, tendo em vista que um cachorro vive uma média de pelo menos 10 anos.
O tempo de vida de um animal adulto pode ser menor, mas é justamente por causa da sua idade avançada, que ele precisa de mais atenção e cuidado. Sem contar que os animais de estimação incorrem em despesas com alimentação, vacinas e tratamento veterinário.
Há várias ONGs de proteção aos direitos dos animais por todo mundo, e no Maranhão não é diferente. Na Baixada Maranhense, são muitas as iniciativas que visam cuidar e proteger os animais, bem como promover seu resgate ou construir pontes para adoção familiar desses bichinhos.
O projeto Adota Arari é administrado por três mulheres: Jhessica Martins Ribeiro, Ayra Elisa Garcia Gama e Nathália Oliveira Lopes. Elas contam também com a ajuda de voluntários, que totalizam 62 pessoas em um grupo de WhatsApp.
Em conversa com o Portal Matraca, os responsáveis pelo projeto Adota Arari relataram um pouco sobre a história e de como a iniciativa foi se ampliando e ganhando força com o passar do tempo.
“O projeto Adota Arari surgiu da necessidade de conseguir lares para animais de rua ou abandonados em nossa cidade e redondezas. As administradoras da ONG já faziam este trabalho de forma individual, mas em setembro de 2020 o projeto nasce oficialmente, observando a grande demanda de animais por lares e de pessoas interessadas em adotar”, disse Nathália Oliveira Lopes, uma das fundadoras do projeto.
Inicialmente, a ideia dos organizadores foi criar uma vitrine de adoção on-line, pois o projeto não conta com espaço físico. Com o tempo viu-se também a necessidade de levar informações aos seguidores, foi quando surgiu a ideia dos informativos nos perfis do projeto nas redes sociais, que falam de possíveis doenças, formas de aplicar os primeiros socorros, dicas de saúde animal, dentre outros assuntos.
Só no Instagram, o projeto Adota Arari conta com uma comunidade engajada com mais 1.500 de seguidores, conectando pessoas apaixonadas por animais e bichinhos abandonados ou em situação de rua.
Segundo pesquisas de ONGs para proteção dos direitos dos animais, a procura por adoção de cães e gatos teve um aumento de até 50% no período de quarentena. Houve um aumento de 30% no número de pets em lares brasileiros durante o isolamento social. Gatos foram mais adotados do que cachorros. Entre os felinos, 84% foram adquiridos.
Mas ainda segundo os números da pesquisa, cerca de 20 milhões de animais vivem nas ruas das cidades e são afetados por doenças, abusos e reprodução incontrolável. Para os organizadores que tocam a iniciativa em Arari, é por esses 20 milhões de pets que ainda vivem nas ruas, que o projeto vem trabalhando com todo vigor.
“Não é uma tarefa fácil, mas a satisfação de sentir que está ajudando um ser a viver melhor, é muito gratificante. A nossa maior motivação para continuar é ver a alegria de um animal sendo bem recebido em um lar, saber que ele não irá mais sofrer, que terá amor e que não precisa mais ter medo de passar fome ou frio”, conta Jhessica Martins Ribeiro, uma das fundadoras do projeto.
“Aqueles que ainda não conseguiram ser adotados, nós continuamos levando esperança, através da alimentação ou do tratamento de suas feridas. Sabemos que nem todos os seres humanos são ruins, tentamos passar para eles um pensamento positivo e de fé, de que dias melhores virão para eles”, explica Ayra Elisa Garcia Gama, que também administra o projeto.
Com mais de um ano de trabalha e muita dedicação, o projeto Adota Arari já conseguiu adoção para mais de 300 animais, sendo que boa parte deles foram retirados das ruas.
O projeto é organizado e conta com muito planejamento. A iniciativa tem parceria com um médico veterinário que fornece consultas gratuitas para pessoas de baixa renda ou que apadrinharam animais de rua através da ONG.
Existe também kit primeiros socorros para auxiliar no tratamento dos animais de rua e um comedouro para os animais. O projeto adquiriu também parceria com algumas lojas da cidade, que ajudam com doações de prêmios para rifas e assim angariar verba para manter o projeto. Essas ajudas são de fundamental importância para que o projeto continue ajudando os bichinhos.
Para quem acompanha a ideia apenas pelas redes sociais, o projeto tem efeito prática na vida da cidade. O Adota Arari já realizou um grande evento, onde foram ofertadas consultas gratuitas, murais de adoções e vacinação gratuita para a virose canina.
“Acreditamos que através das ações do projeto em conjunto com os informativos de saúde animal, as pessoas despertem mais para os cuidados com os mesmos, em questão de vacinação, diagnóstico de possíveis doenças de forma mais rápida, além do alerta as possíveis zoonoses, e claro, da necessidade de consultas periódicas com o médico veterinário”, disse Jhessica Martins Ribeiro.
Através desse evento, o projeto ganhou impulso e ajudou muitos animais e pessoas. “Foi o momento que saímos do virtual e fomos até as pessoas, com a iniciativa do nosso primeiro evento, trouxemos benefícios para muitos animais e tutores que não possuíam tantas condições na nossa cidade”, conta Ayra Elisa Garcia Gama.
A medida em que as pessoas são conscientizadas da gravidade dessa situação, mais animais ganham lares, diminuindo assim os índices de animais nas ruas da cidade. O projeto Adota Arari ainda não tem um prédio físico, e as adoções são feitas através das redes sociais e dos informativos divulgados.
Para dar um empurrão no projeto, a iniciativa recebe apoio da prefeitura municipal, com a doação de ração para o comedouro, que fica localizado em frente ao estabelecimento da loja LJ3, que também apoio a iniciativa.
Outras parceiras que dão fôlego a iniciativa são com a loja Eu Belíssima, que doa um valor ao projeto por cada sandália vendida. Com a ajuda da prefeitura, o Executivo Municipal solicitou a doação de verba para a compra de ração. Além dos voluntários do projeto, que ajudam divulgando os animais para adoção, e organizam as vendas de rifas, e no tratamento de alguns animais de rua.
“Ajudar o projeto traz uma sensação de muita paz e amor, apesar de não ser fácil. Cada conquista, cada animal adotado, cada ajuda é um combustível diário para continuar. Saber que de alguma forma fazemos parte da felicidade daqueles animais é maravilhoso. Mas a responsabilidade de estar a frente é muito grande, graças a Deus tenho a Jhessica e a Natália comigo”, conta Ayra Elisa Garcia Gama, administradora da loja Eu Belíssima.
As jovens por trás do projeto querem ir mais longe e tentam agora a adoção de políticas públicas que possam apoiar essa e outras iniciativas do gênero, e para isso apresentaram um Projeto de Lei na Câmara Municipal de Arari, sugerindo a criação de um Centro de Zoonose e um Abrigo para animais em situação de rua.
Para Nathália Oliveira Lopes, “a sensação de poder ajudar principalmente os animais de rua é algo que vai além da nossa explicação, é um sentimento de dever cumprido com aquele ser inocente e vítima da sociedade, saber que ele terá um lar seguro e que levará muito amor ao seu tutor, é a nossa alegria e recompensa”, disse.