VIANA – A Biblioteca do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA), Campus Viana é, há muito tempo, um espaço de referência para estudo, consulta ao acervo e prestação de serviços não penas para os alunos e servidores, mas, também, para o público externo que pode utilizar suas instalações.
Nesse sentido, no intuito de oferecer a ela uma identidade, com a participação da comunidade acadêmica do campus Viana, e de proporcionar o resgate da memória local, descobrindo e conhecendo melhor a história de pessoas que foram importantes para a Literatura, Cultura e Educação da cidade de Viana, e assim fortalecer a identidade com todos os cidadãos que a frequentam, foi realizado um Concurso Interno para Escolha de Nome da Biblioteca.
A votação aconteceu, via SUAP-IFMA. Venceu o pleito a Professora Sinézia Pereira Cutrim de Jesus, com 96 votos. Em segundo lugar ficou o Professor Adones Santos Pinheiro com 38 votos e em terceiro o Escritor Celso Tertuliano da Cunha Magalhães, com 15 votos.
A professora Sinézia Pereira Cutrim de Jesus trabalhou como professora de 1975 até a data do seu óbito, ensinando quatro gerações de maranhenses desde a educação básica até o nível superior. Mulher negra, solidária e revolucionária que lutou até seu último dia de vida, dentro e fora da sala de aula, por uma educação de qualidade e por melhores condições de trabalho.
Biografia
Sinézia Pereira Cutrim de Jesus, filha de Raimunda Pereira, nasceu em 21 de maio de 1950 e faleceu em 13 de maio de 2013. Deixou 02 filhos naturais, 02 adotados e tantos outros de coração que ao longo da vida ficou sob sua responsabilidade afeto, moradia e educação. Graduada em História, pela UEMA e em Filosofia da Educação Religiosa, pelo Instituto de Teologia e Filosofia Brasileira. Pós-Graduada em Metodologia Inovadoras Aplicada à Educação: Ensino das Ciências Humanas.
Professora Sinézia Pereira, como conhecida, era de família humilde, de Matinha. Na adolescência, prestava serviços comunitário junto a Igreja Católica em baixo de árvores e em casa cedida pelos populares. Nessa época, Padre Guido, foi o “Salvador” de toda sua história ao pedir para sua mãe que a deixasse sob sua responsabilidade, pois queria investir nos estudos dela, e assim foi permitido. Estudou no Colégio Bandeirantes, sendo umas das primeiras alunas. Depois, foi morar em São Luís para estudar no Liceu Maranhense onde concluiu o Ginásio. Retornando a Matinha, começou sua carreira como professora em diversas escolas da localidade.
Em 1975, juntamente com sua mãe, muda-se para Viana devido sua aprovação como servidora federal, para lecionar, por décadas, na Antiga Roquete Pinto. Nessa época, além das aulas presenciais, havia também as aulas televisionadas. No mesmo período, foi aprovada em concurso estadual e começou a dar aulas no Colégio Nossa Senhora da Conceição “Escola Normal”, onde por determinado momento, foi coordenadora.
Trabalhou por anos na antiga Creche Maria Leo em Viana, que recebia muitas crianças em estado carecia tanto de afetos, quanto alimentares. O diretor da creche era Padre Guido, o mesmo que a resgatou da extrema pobreza. Lecionou no colégio Nossa Senhora da Conceição da rede municipal, bem como, no colégio Raimundo Marcelino Campelo, até o seu falecimento. Seu legado como professora atingiu praticamente quatro gerações.
Sempre teve como projeto de vida a mudança de uma sociedade. Por isso, se envolvia com cada aluno diretamente, tratando-os como se fosse da família. Se não tinham como voltar para casa, ela os acolhia na sua residência. Se soubesse que a família estava passando por necessidade, ela compartilhava do seu próprio alimento. Em sua jornada como professora, era a que mais se envolvia nas causas/direitos dos colegas, devido sua facilidade na comunicação, e por nada temer, tomava frente de tudo. Seu último dia de vida foi de resistência.
Em 13 de maio de 2013, morreu numa manifestação que lutava pelos direitos e reconhecimento dos professores e da educação. Foi uma mulher de expectativas de dias melhores para a sociedade. Não há como falar de educação em Viana e não falar da Professora Sinézia Pereira Cutrim de Jesus.