MATINHA – A cada ano que passa, as mulheres conquistam novos papéis na sociedade e caminham rumo ao protagonismo em diversos setores de atuação. E no empreendedorismo não é diferente.
Hoje, o Brasil é o sétimo país com o maior número de mulheres empreendedoras. O dado é de um levantamento da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizado em 49 países. Ao todo, são mais de 24 milhões de brasileiras tocando negócios próprios, gerando empregos e movimentando a economia.
Dia 19 de novembro é o dia mundial do empreendedorismo feminino, data comemorativa que tem o intuito de promover a liderança feminina e a visibilidade das mulheres que gerenciam um negócio, quebrando as barreiras sociais e preconceitos do setor, e nesta importante data é necessário relembrar a importância dessas mulheres nesse importante cenário.
Segundo o levantamento, mulheres são mais ativas que homens em termos de atividade empreendedora inicial, na região nordeste a taxa especifica de empreendedorismo inicial do gênero feminino é de 17,6%.
Com a pandemia os números cresceram cada vez mais, chegando a 40% de mulheres que começaram a empreender. No Maranhão, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), 2.834 novos MEIs foram abertos só nos primeiros 59 dias de 2019. Ao todo, são 94.956 em todo o estado.
Em Matinha esse cenário não é diferente. Uma dessas mulheres empreendedoras é Maria Freitas, proprietária da cachaçaria artesanal “Dose e Prosa”, que está levando o charme e o sabor da bebida destilada mais antiga do Brasil, com um toque 100% matinhense a clientes de várias regiões da Baixada Maranhense.
“Eu decidi empreender por duas motivações, a primeira para ter condições futuras de ajudar as pessoas que amo e a segunda para ter minha independência financeira, que eu considero importante para nós mulheres”, conta Maria.
No empreendedorismo, continua Maria “os principais desafios são o preconceito e o machismo na minha área particularmente, porque ainda existem pessoas que ainda se assustam com o fato de ter uma mulher à frente de uma empresa de bebidas, por ser um ambiente ainda muito masculinizado. Conhecer novas culturas me fez perceber novos horizontes, novas possibilidades, ideias diferentes”, explica a empresária dona da cachaçaria.
Maria conta que foi em uma viagem que teve a oportunidade de degustar a cachaça temperada, que aliás já buscava e tinha muita curiosidade para conhecer e provar. E quando provou se apaixonou pelos sabores e variedades da bebida bastante presente e consumida em festas culturais da região onde atua. Foi quando viu a oportunidade de negócio.
“A partir daí sempre quis entender mais sobre a bebida e como agregar valor a ela sem tirar a essência da mesma. Tive que me responsabilizar por fazer uma bebida diferente, porque é essa a missão da nossa Cachaçaria. A responsabilidade de estudar mais sobre comércio, negócio, mercado financeiro. A responsabilidade de me disciplinar, mudar hábitos. A responsabilidade social também, porque quero continuar sempre”, contou Maria Freitas.
“O empreendedorismo feminino cresce a cada dia. Hoje podemos perceber o grande número de mulheres que decidem abrir o seu próprio negócio e em vários seguimentos no Município de Matinha. Empreender de forma geral não é fácil. Nós mulheres temos uma força que já é natural, mas destacaria uma fé inabalável, resiliência, persistência comprometimento e muita coragem”, diz Kelli Cutrim, Agente de Desenvolvimento do município de Matinha e Coordenadora da Sala do Empreendedor.
Para ajudar os empreendedores matinhenses na difícil tarefa de empreender, a Prefeitura de Matinha, em parceria com o Sebrae Maranhão, inaugurou em 2017 a Sala do Empreendedor, que orienta os empreendedores locais nos processos de abertura de empresas, regularização e baixa, bem como serviços exclusivos aos Microempreendedores Individuais (MEI).
O espaço em parceria com outros setores da gestão vem desenvolvendo várias ações de políticas públicas, como implementação e atualização da legislação municipal da microempresa amparada pela Lei Federal 126/2006, Educação Empreendedora nas escolas de toda Rede Municipal, para que a cultura empreendedora possa ser inserida como componente curricular em toda Rede de Educação no Município.
Com o incentivo por parte do setor público, “há, visivelmente na cidade um quantitativo de mulheres que estão à frente de seus negócios e que já se destacam nas suas atividades enquanto empreendedoras, tanto no setor urbano quanto no rural, onde, dentro dos mais variados segmentos de negócios podemos encontrar mulheres à frente”, diz Maurício Leite gerente do Sebrae em Santa Inês.
Para Maurício, no empreendedorismo feminino “a liderança, de fato é o principal destaque, as mulheres conseguem buscar com capricho, força de vontade, comprometimento e muitas das vezes assumindo riscos, para o crescimento dos seus negócios, ou seja, em Matinha nós percebemos que essas características são de comportamento e isso vem de dentro, faz despertar a vontade de empreender e de estar à frente, liderando um negócio”, explica.
Outra empreendedora que tirou sua ideia do papel foi Kerolayne Gomes, proprietária de um Studio de beleza que leva seu nome e que realiza diversos procedimentos estéticos. Uma novidade no setor ainda pouco explorado na cidade, e com poucas opções no município.
Kerolayne começou sua história no empreendedorismo ao fazer cursos de maquiagem, foi quando surgiu a ideia de montar o seu próprio espaço, e oferecer um serviço até então pouco explorado ou escasso na cidade. O começo, como para todos os empreendedores foi difícil, mas com muito esforço, dedicação e trabalho duro, logo veio a construção do Studio Kerolayne Gomes. O espaço atende por mês cerca de 150 pessoas, clientes de Matinha e de outras cidades vizinhas.
“Os desafios que uma mulher empreendedora enfrenta é o medo, porque aos olhos da sociedade somos o sexo frágil. Esse lugar que estamos ocupando, antes era dominado por homens e hoje a gente pode ocupar e estar em posições até melhores”, conta Kerolayne.
Para ajudar a impulsionar o negócio, a empreendedora usa as redes sociais para conquistar mais clientes e divulgar os serviços que oferece. “Vejo muito as redes sociais como aliadas. Eu vendo muito mais no Instagram, muita gente das cidades vizinhas me conhecem por lá, as redes sociais me ajudam muito mais do que qualquer outra coisa. O mercado da beleza é um mercado que todo dia surge coisas novas, tem dado muito resultado e isso tem me ajudado bastante”, relata Kerolayne.
Outra empreendedora que viu no setor de beleza uma oportunidade de negócio foi a jovem Vitória Melo. Assim como Kerolayne, Vitória também usa as redes sociais como trampolim para seu empreendimento. Só no Instagram, seu Studio já conta como mais de 2.600 seguidores.
“Meu desejo de empreender surgiu depois das aulas de empreendedorismo na sala de aula ainda no ensino fundamental. Meu trabalho é exclusivo e feito com amor e dedicação. Isso o torna diferenciado”, revela Vitória Melo.
A pandemia de Covid-19 trouxe desafios sanitários, econômicos e sociais, no período de isolamento, a empresária viu a necessidade de se reinventar para manter seu negócio vivo. “No período da pandemia consegui me reinventar, investi no meu conhecimento e em um novo espaço. Com isso tento me conectar com as pessoas e mostrar o meu trabalho para que sintam o desejo em tê-lo”, menciona Vitória.
O empreendedorismo feminino está presente em vários setores e são diversos os motivos que fazem as mulheres tomarem a frente dos negócios, o que torna cada trajetória uma história única.